Sábado, 5 de Dezembro de 2009

30 anos de História (pelo Dr. Carlos Melo Bento Presidente da Mesa de Congresso)

Veio este partido na sequência histórica do Partido Autonomista de 1893 e do Partido Regionalista de 1925, vencedores absolutos das eleições em que participaram, no século XIX com a ajuda do Partido Progressista e no século XX com inteiro mérito.

Esperavam-se pois novas vitórias...

Todavia a experiência democrática era nula e, fora o entusiasmo militante, pouco mais havia. Mas a expectativa era muito grande pois um dos mais importantes porta-vozes do novo partido era o Engº. Francisco Costa Matos que, além da estima que o rodeava, os seus artigos na imprensa local empolgavam os leitores e não eram poucas as pessoas que o estimulavam. O arquitecto Francisco Gomes de Menezes era também um dos nomes muito prestigiados que militavam na União Democrática do Atlântico ou UDA, primeiro nome do novo partido e que discutíveis razões estéticas obrigaram a mudar ou como dizem outros, para não se confundir com a UDP, partido da extrema-esquerda com muitas antipatias em S.Miguel.

Sousa Pedro chegou a interromper a clínica para se deslocar a todo o arquipélago onde implantou o partido. É então que se junta às suas fileiras o Dr.Luís Filipe Cota Moniz, prestigiado advogado da Ilha Terceira e que colocou a sua vibrante oratória ao serviço da causa açoriana, tal como os democratas do Atlântico a definiam.

E assim, em 5 de Novembro de 1909, são entregues solenemente no Supremo Tribunal de Justiça os  estatutos do PARTIDO DEMOCRÁTICO DO ATLÂNTICO - P D A

 A 27 desse distante mês de Novembro de 1979, o Presidente do Supremo Tribunal proferiria o seu histórico despacho considerando legalizado a União Democrática do Atlântico. Era finalmente, a vitória. Analisemos então a história do PDA, a partir dessa data e durante o mandato de cada um dos seus presidentes, e, ainda assim, no que respeita apenas ao território açoriano, onde o partido por força dos seus estatutos tem estruturas próprias e politicamente independentes das dos territórios da Madeira e de Portugal, com as quais se pode coordenar mas nunca subordinar.

 TEODORO DE SOUSA PEDRO

1979 -1982

O primeiro presidente da UDA/PDA era um conhecido médico de Ponta Delgada que fora deputado da ala liberal no tempo de Marcello Caetano com João Bosco da Mota Amaral e Deodato de Magalhães. A sua formação democrata cristã dava garantias ao grupo conservador que o rodeava, ao mesmo tempo que assegurava, tal como Sá Carneiro em Portugal, uma convivência democrática contra o fascismo e contra o comunismo totalitários. Era uma escolha acertada que permitia a união de todos os grupos que haviam animado a criação do partido agora com a excepção da ala independentista em que militava Carlos Melo Bento, 

Sousa Pedro cursou o Liceu Nacional de Ponta Delgada onde foi aluno brilhante pelo que obteve uma bolsa de estudo que o catapultou para a Universidade de Medicina onde se licenciou com elevada classificação, passando a exercer medicina em S. Miguel rodeado de prestígio. Como deputado fez parte da ala liberal de Sá Carneiro na Assembleia Nacional marcelista. O seu casamento com a mariense e dinâmica Adriana Travassos dar-lhe-ia desde cedo uma visão arquipelágica do viver açoriano que muito ajudou a formação do seu pensamento autonómico.

Lançou-se pois à frente da UDA/PDA na procura de lugares no Parlamento açoriano. Mota Amaral que presidia ao governo regional como chefe local do PPD de Sá Carneiro não lhe deu tréguas. Amaral fez alianças mais ou menos secretas mas obviamente maquiavélicas com os independentistas açorianos, com a Igreja Católica, com sindicatos e grupos de pressão capitalistas e anticomunistas, com os Estados Unidos então apostados em liquidar os comunistas em todo o mundo e esmagou eleitoralente tudo e todos, incluindo a UDA/PDA dividida em grupos que nunca conseguiram harmonizar-se à volta dum chefe.

Na Madeira iria passa-se o mesmo com a agravante de o chefe do governo Alberto João Jardim liderar na prática o próprio movimento independentista. Em Portugal, apesar de possuir uma pequena delegação, o partido nunca se organizou devidamente porque isso nunca foi considerado oportuno ou necessário.

Os resultados eleitorais foram surpreendentemente baixos (2.750 votos), insuficientes para a eleição de quaisquer representantes na Assembleia Regional, e deles resultou consequentemente que o PDA ficava sem representação parlamentar. Costa Matos magoado afastou-se da vida política e dos jornais descrendo das virtualidades do sistema e da sinceridade dos que o adulavam. Sousa Pedro deu então lugar a

Emanuel Chichorro de Medeiros

1982 – 1985

Uma das armas usadas pelos partidos centralistas, contra o PDA foi a acusação de que se tratava duma organização de reaccionários e terra tenentes, designação que abrangia os grandes proprietários que, obviamente, não se inscreveram no PDA e sim noutros partidos em que os riscos eram muito menores para os seus dilatados bens imobiliários.

E a solução então encontrada para contrariar essa tendência foi a escolha de Emanuel Chichorro de Medeiros que, antes de 25 de Abril de 1974, hostilizara o regime anterior a partir duma plataforma democrata cristã, chegando mesmo a fazer parte da Oposição Democrática. Chichorro não era porém orador nem teve meios para organizar a implantação do partido no terreno. E os resultados eleitorais, agora sem o apoio de Costa Matos foram desastrosos: 1668 votos.

Diversas actividades, principalmente de carácter cultural, levou a cabo esta Comissão Política. Foi então que Clemente de Vasconcelos é eleito para dirigir o PDA.

Clemente de Vasconcelos

1985-1988

Regressado do Brasil, onde estivera emigrado, este engenheiro educado e empenhado, não era político. Sem possuir ou defender uma doutrina, também pouco pôde fazer para realizar os objectivos estatutários. Os resultados eleitorais, nas eleições regionais foram escassos mas já não seria ele a dirigir a campanha. Entrava em cena, eleito pelo Congresso o mais popular dos presidentes do PDA,

 Álvaro Teves Franco de Lemos

1988-1990

Apesar disso, nas regionais de Outubro de 1988, o partido alcançará apenas 1409 votos. Esse resultado desanimador leva Franco de Lemos a convocar os militantes para reuniões informais para que decidissem se valia a pena continuar. O núcleo duro dos fundadores de quem é justo destacar Simões Tavares, Edmundo do Rego e Mariano da Cunha, é inabalável. Prá frente é que é caminho. O PSD de Mota Amaral mantinha-se, porém atento e não deixava ninguém vicejar à sua volta. O fim das barreiras alfandegárias e problemas pessoais obrigam Lemos a deixar a liderança do partido sucedendo-lhe

Carlos Melo Bento

1990-1996

Advogado, em Ponta Delgada, estivera ligado ao regime de Marcello Caetano, nos últimos meses do marcelismo, militou na FLA até 1977, sendo um dos presos do 6 de Junho de 1975, dirigiu o CDS açoriano de 1979 a 1989, como secretário-geral, tendo finalmente sido admitido no PDA durante o consulado de Álvaro Lemos, qualidade que lhe fora negada até então, alegadamente pelas suas ligações ao independentismo. A sua eleição levou à saída do partido, de António Jácome Correia e Frederico de Oliveira que se opuseram ao novo líder. Nas regionais de 1992, o PDA obtém apenas 1610 votos, apesar de, pela primeira vez concorrer a todas as ilhas. Levantou o PDA a questão do círculo eleitoral da Emigração, obrigando o Supremo Tribunal a pronunciar-se sobre o Estatuto dos Açores que o previa mas não o regulamentara. O partido lutou porém em outras frentes contra a ditadura democrática do PSD de então, fazendo alianças com a restante Oposição, conseguindo eleger Luís Neto Viveiros para vereador da Câmara municipal de Ponta Delgada que ajudou a arrebatar aquela ao partido laranja, considerada a jóia da coroa da administração pública açoriana, ao passo que Edmundo Pacheco do Rego, regressado do Canadá onde foi emigrado de sucesso, é eleito para presidente da Assembleia de freguesia de S. Roque. O PDA concorre então à Assembleia da República tendo obtido em todo o país mais de 11.000 votos; ficaram famosos os tempos de antena nacionais que foram também usados para divulgação das belezas naturais açorianas. Após dois mandatos, cedeu o lugar a

Luís Netto de Viveiros

Maio a Novembro de 1996

Foi então ensaiada uma passagem de testemunho para a nova geração com a criação do cargo de secretário-geral para que foi eleita uma Comissão Política presidida por Neto de Viveiros mas com o executivo secretário-geral António José Matos de Almeida filho do histórico líder da FLA e sobrinho neto de Costa Matos. Apesar de se tratar duma equipa jovem e altamente qualificada profissionalmente, quase todos com formação superior, a experiência fracassou com resultados eleitorais muito escassos nas regionais de 1996, pois não passaram dos 340 os votos obtidos, o que levou à sua substituição.

 Sucedeu-lhe João Gago da Câmara

1996-1999

Dissidente do PSD, por quem tinha sido eleito Presidente da Câmara de Ponta Delgada Câmara durante vários mandatos, membro de família aristocrática, e muito popular, não iria ter mais êxito que os antecessores. Concorreu às autárquicas mas não conseguiu ser eleito. Amargurado com o resultado obtido, abandonou a política.

Dirigiu então o PDA, com o título de Secretário-geral,

Joaquim de Aguiar Cabral

1999-2002

Antigo emigrado de sucesso nos Estados Unidos, natural da Povoação, Cabral tinha uma sólida formação política e um projecto bem definido para a emancipação dos Açores. Apesar de atormentado pelo mau funcionamento do sistema bancário local que o destruiu como empresário, lhe arruinou a saúde, e lhe roubou as poupanças, lutou com lealdade contra forças políticas com armas financeiras e jurídicas desiguais e nunca se deu como vencido.

Conseguiu coligar-se com o PPM em 2000 e obteve 799 votos nas regionais desse ano. As suas ideias foram frequentemente noticiadas na comunicação social e aproveitadas pelas outras forças políticas.

José Francisco Nunes Ventura

2002-2009

José Francisco Nunes Ventura, nasceu a 25 de Junho de 1943, na ilha de S. Miguel, estudou na antiga Escola Industrial e Comercial de Ponta Delgada, onde frequentou o Curso Geral do Comércio. Fez AD HOC à Universidade dos Açores em 1999. Possui Curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores (EDF 2282/2001)

Como estudante universitário frequenta o 2º ano do Curso de Estudos Europeus e Política Internacional U.A.

É casado e pai de 4 filhos.

Cedo começou a trabalhar na então grande empresa Pereira & Pereira, Ldª. 25 de Junho de 1958 (dia do seu 15º aniversário) até 1965 com a sua ida para o serviço militar que cumpriu em Timor durante 30 meses, 1967/69 onde como furriel miliciano, desenvolveu notável acção em escolas de acção psico-social junto das populações locais (louvado em ordem de serviço pela dedicação e interesse posto no desempenho daquela funções). Depois de alguns anos de actividade administrativa e comercial, e em sequência da sua actividade sindical, é nomeado vogal da Comissão Administrativa da então Caixa de Previdência e Abono de Família de Ponta Delgada, onde imprimiu ordem, disciplina e eficácia nos respectivos serviços de acção médico social, sendo considerado pelo presidente daquela Instituição, como trabalhador firme e de óptima iniciativa, com particular relevância nas relações humanas.

Foi eleito empresário do ano em 1989, por ter concedido postos de trabalho a um maior número de jovens inscritos no Centro de Emprego, numa indústria agro-alimentar única nos Açores e considerada a melhor do país na data.

Contribui fortemente com o seu empenhamento empresarial na organização e implantação no Parque Industrial da Ribeira Grande de uma empresa de transformação e exportação de criptoméria, a maior e mais bem ordenada fábrica daquele parque.

Personalidade vincada mereceu por onde passou, a amizade de entidades patronais bem como dos seus colegas de trabalho e seus colaboradores quando empresário.

A sua formação profissional desenvolveu-se nas áreas de contabilidade e gestão (TOC), Gestor e Liquidatário Judicial e Formação Profissional, leccionando na Escola Profissional da Câmara do Comércio de Ponta Delgada tendo nas respectivas áreas, frequentado e participado em diversos cursos, estágios e colóquios.

Durante a sua juventude, militou nos quadros da Acção Católica, tendo sido durante os anos 1962/65 Presidente Regional da J.O.C. (Juventude Operária Católica) onde paralelamente começou a sua participação sindicalista. E onde desperta a sua atenção para a política.

No desporto, foi dirigente da Associação dos Antigos Alunos, e do Micaelense Futebol Clube, tendo implementado em ambas, as equipas de basquetebol, das quais fez parte como atleta.

É presidente e fundador da Associação de Amizade Açores-Timor, desenvolvendo uma actividade solidária, conhecida de todos os que acompanharam o problema de Timor. Em cujo âmbito, efectuou diversas palestra e colóquios em escolas secundárias e profissionais a convite dos seus conselhos directivos, tendo participado no ciclo de conferências “A Universidade dos Açores com S. Tomé e Príncipe e Timor”.

Foi colaborador e Cronista de Opinião do Jornal Açoriano Oriental entre 2002 e 2006.

A alteração política governamental do PPD/PSD (Partido de que foi fundador nos Açores com Mota Amaral e outros), leva-o a abandonar a politica Social Democrática, aderindo ao Partido Democrático do Atlântico.

No P.D.A. desde 1988, José Ventura desempenhou várias funções directivas, como Vogal da Comissão Política, Vice-Presidente e Presidente da Comissão Política de Ilha de S. Miguel. Na qualidade de militante e dirigente do P.D.A. concorreu a diversas eleições a nível autárquico, regional e nacional. Hoje é Presidente de Partido Democrático do Atlântico, função que desempenha desde o último Congresso, realizado em 2002. Durante os seus mandatos o partido obteve 348 votos (2004) e 627 votos (2008), mantendo-o vivo contra tudo e contra todos, por vezes lutando sozinho!

O partido, como se esperava foi sendo no seu tempo multado pelo Tribunal Constitucional por via das contas em que sempre encontrou pequenas falhas para justificar grandes multas. Apesar disso nunca baixou os braços, preparando as comemorações do trigésimo aniversário do PDA e o seu décimo quarto Congresso que nos há-de guiar ao futuro com novos dirigentes e novos rumos.

Apesar de nunca ter conseguido deputados, o PDA tem convertido os restantes partidos às suas ideias de grande e progressiva autonomia que foram consagradas no projecto de Estatuto votado por unanimidade pelo parlamento açoriano e vetado por Cavaco Silva e declarado inconstitucional pelo Tribunal Constitucional como se esperava, com que se criou uma curiosa figura de colonialismo judicial. A política não se faz só com eleições. A luta democrática persistente e convicta há-de permitir a livre governação dos Açores pelos Açorianos, escopo da presente geração desde que a autonomia subiu do patamar administrativo para o político-constitucional.

Ponta Delgada, 27 de Novembro de 2009

publicado por PDA NACIONAL às 19:20
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